sábado, 14 de novembro de 2009

Veja, a revista mais vendida e a que mais se vende



A Veja é a revista de maior circulação em território brasileiro, é a mais lida e, possivelmente, uma das maiores formadoras de opinião da classe média "esclarecida" do país.
É também um dos piores exemplos de jornalismo no mundo. O jornalismo praticado pela Veja não é só absurdamente parcial, é covarde e mal feito.
O fato de ser a maior revista, isto é, a mais vendida no Brasil, atribui a ela um poder perigoso que é usado da pior maneira possível.
A história de podridão, as estratégias usadas por ela, os episódios mais vegonhosos, enfim o anti-jornalismo semanal da maior revista do país são muito bem abordados pelo jornalista Luis Nassif (no final disponho o link para o dossiê sobre o tema produzido pelo jornalista, assim como uma entrevista sobre o tema concedida no IESB - Instituto de Educação Superior de Brasília) .
Não pretendo discutir aqui as questões políticas, o posicionamento neoliberal da revista e etc., não porque quero fugir destes temas, mas porque o intuito deste post é, simplesmente, expor o mau jornalismo da Veja. Independentemente do "poscionamento crítico" assumido pela revista - que é infanlil e ultrapassado (tem-se a impressão de que estamos lendo uma revista americana na época mais delicasa da Guerra Fria)  - o mais importante é que se trata de um jornalismo, antes de tudo, criminoso.
Não contarei a história da Veja, isso é feito com brilhantismo no dossiê escrito por Luis Nassif no site cujo link se encontra no final deste post (o texto é extenso, mas realmente vale a pena ser lido).

Uma história, no entanto, que merece ser destaca neste post é a do "boimate", considerado a maior "barriga"  (jargão que designa um deslize, uma notícia falsa) da história midiatica brasileira. É um cômico flagrante da incompetência da revista:

Os jornais e revistas ingleses gostam de " descobrir" fatos científicos no dia 1º de abril. A maior revista brasileira " comeu barriga" e entrou na deles. Conheça a história do " boimate", " uma nova fronteira científica".
       O " fruto da carne", derivado da fusão da carne do boi e do tomate, batizado com o sugestino nome de boimate, constituiu-se, sem dúvida, no mais sensacional " fato científico" de 1.983, pelo menos para a revista Veja, em sua edição de 27 de abril. Na verdade, trata-se da maior " barriga" (notícia inverídica) da divulgação científica brasileira.
       Tudo começou com uma brincadeira – já tradicional – da revista inglesa New Science que, a propósito do dia 1º de abril, dia da mentira, inventou e fez circular esta matéria.
       A fusão de células vegetais e animais entusiasmou o responsável pela editoria de ciência da Veja que não titubeou em destacar o fato. E fez mais: ilustrou-o com um diagrama (aqui incluído) e entrevistou um biólogo da UPS, para dar a devida repercussão da descoberta.
       Para a revista, " a experiência dos pesquisadores alemães, porém, permite sonhar com um tomate do qual já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate. E abre uma nova fronteira científica".
       O ridículo foi maior porque a revista inglesa deu inúmeras pistas: os biólogos Barry McDonald e William Wimpey tinham esses nomes para lembrar as cadeias internacionais de alimentação McDonald´s e Wimpy´s. A Universidade de Hamburgo, palco do "grande fato", foi citada para que pudesse ser cotejada com " hamburguer" e assim por diante. Mas nada adiantou.
       A descoberta do engano foi feita pelo jornal O Estado de S. Paulo que, após esperar inutilmente pelo desmentido, resolveu " botar a boca no mundo" no dia 26 de junho.
       O espírito gozador e , mais surpreendente às vezes até irado do brasileiro, no entanto, não deixou por menos. Durante o intervalo entre a matéria da Veja e o desmentido do Estadão, cartas e mais cartas chegaram às redações.
       Um delas que, maliciosamente, assinou " X-Burguer, Phd, Capital", lembrava que no Brasil já haviam sido feitas descobertas semelhantes: o jeribá, cruzamento de jabá com jerimum, ou o goiabeijo, cruzamento de gens de goiba, cana-de-açúcar e queijo, e adiantava que seus estudos prosseguiam para criação do Porcojão ou Feijoporco, cruzamento de porcos com feijões que ele esperava dar como contribuição à tradicional feijoada paulista.
       Domingos Archangelo escreveu ao Jornal da Tarde uma carta colérica contra a " a violação das leis naturais". Segundo ele, " do alto dos meus 76 anos, não posso ficar calado ante tal afronta às leis divinas. Boi nasceu para pastar, para puxar os saudosos carros do interior e para nos oferecer sua saborosa carne. E tomate, além das notórias qualidades que se lhe imputam na cozinha, serve também para ser arremessado à cabeça de quem perpetra tal montruosidade e, também, dos dão guarida e incentivam tais descobertas".
       Francisco Luís Ribeiro, outro leitor da Capital, relata outros cruzamentos, além do boimate, que deram certo e cita experiências para " cruzar pombo-correio com papagaio, para o envio de mensagens faladas".
       Finalmente, com o objetivo de pôr fim ao caso que já divertia as redações, a revista publicou, na edição de 6 de julho, ou seja, depois de dois meses, o desmentido: " tratou-se de lastimável equívoco". E justificou-se, explicando que é costume da imprensa inglesa fazer isso no dia 1º de abril e que, desta vez, havia cabido à revista entrar no jogo, exatamente no " seu lado mais desconfortável".

Trecho de artigo escrito por Wilson da Costa Bueno, jornalista.



                                            Reportagem do Boimate na Veja


A Veja foi humilhada e, no entanto, em reportagem publicada em homanagem aos 30 anos da revista é lembrado o episódio no qual ela se justifica colocando a culpa nos pesquisadores que foram entrevistados quando a reportagem estava sendo feita pela revista:

"Depois de ouvir cientistas brasileiros respeitados, VEJA publicou uma reportagem a partir de uma brincadeira de 1º de abril da revista New Scientist"

Não poderia terminar este post sem lembrar de Diogo Mainardi, colunista da Veja. Mainardi tem atenção especial no dossiê de Luis Nassif, o colunista é campeão de processos - já foi indiciado por mais de 200 vezes.
Ele escreve sobre o que quer e como quer. Critica e ataca a todos sem o mínimo comprometimento com a veracidade do que diz, mas mais do que isso: a Veja e principalmente a revista na figura de seu colunista Diogo Mainardi se utilizam de um macartismo covarde executando uma perseguição criminosa à todos que se ponham em seu caminho. 
Mainardi recebe total liberdade da revista para escrever as mais absurdas mentiras sobre quem quer que seja e tem um exército de advogados para comprar a justiça a seu favor - e no final das contas as revistas que vende pagam a conta e ainda sobra muito lucro para ele e para a Abril.


Dizer que a revista Veja é ridícula é clichê, mas é um daqueles que merece ser repetido e mais do que isso estudado. Não estamos falando de um maluco que sai na rua caluniando até Deus,  é, repito, a revista mais vendida (e se tem algo ambíguo aqui escolha os dois sentidos) do país, é de se lamentar que, no  Brasil, onde tem tanto analfabeto, quem é alfabetizado e lê alguma coisa, lê Veja.


Dossiê completo escrito por Luis Nassif sobre a Veja:



 Duas horas de entrevista na qual Luis Nassif fala sobre o tema:

 

 

 

10 comentários:

  1. Grande parte da venda de vejas se deve aos consultórios médicos

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  2. hahahaha, muito bom!
    É, infelizmente, se reclamamos dos analfabetos, anteriormente...
    deixo registrada aqui a minha profunda indignação aos alfabetizados idiotas que jogam seus cerébros no lixo ao lerem essa merda de revista.

    Te amo.

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  3. É Gi, o que quer dizer que a educação não para na alfabetização (se bem que é um grande começo já que nem nosso presidente é alfabetizado), te amo.

    E. Suruba, é, infelizmente, nos consultórios a única coisa que se tem para ler é Veja (ou Caras que é ainda pior), por isso sempre leve um livro.

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  4. É, sim! As pessoas vão aos consultórios médicos, lêem os milhares de exemplares de Veja, e pensam: "nossa, preciso assinar essa revista maravilhosa!"

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  5. olha, como revista na aérea de ciência e tecnologia, são bons. como arte, péssimo. se a veja fala mal de um filme, assista. se falar mal de um disco, ouça.
    agora no campo político, sem comentários.
    não sai da minha cabeça quando o metrô em são paulo desabou. a veja na semana colocou na capa um cachorro e a matéria era "por que ele é o melhor amigo do homem?"
    se fosse do governo federal a obra... ia ser lula na em sua capa.

    mas é importante ler veja, para ter uma opinião sobre ela. já li e sei que não preciso mais ler. mas confesso que as vezes leio, só para poder rebater minhas criticas a ela. afinal, deve-se conhecer o inimigo. hehe

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  6. Não entendi Mayer, você quis dizer que a Veja é boa na área de ciência e tecnologia? Você leu meu post? A "boa" área de ciência e tecnologia publicou a história do boimate... meu pai é assinante da Veja e sempre dou uma folhada na parte de ciência e é simplesmente uma bosta.

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  7. Ah, para provar que a área de ciência e teconologia da Veja é uma bosta, pretendo fazer um anexo à este post mostrando algumas pérolas (além da do boimate) publicadas pela revista.

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  8. e ai cara. não, não fo oq quis dizer. oq quis dizer é que ela parece ser mais séria. como no caso que ela falava do iphone. onde falava tb dos erros do aparelho e não puxava o saco. ciencia e tecnologia, não no caso a ciencia "saúde", "biológica". astrônomos (não jornalistas idiotas) já escrevem belas reportagens sobre expansão do universo e etc... tecnologia, aparelhos e afins. é como aquele. na ciência biológica, ela gez MUITA gafe. na tecnologia da ciencia é a unica area que pessoas do meio escrevem, não jornalistas sem argumentos. entendeu agora?

    abraços

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  9. A mentalidade párea de inteligência está ~ficando tão rara depois da ascenção do lulo-petismo que mesmo lendo a Revista Veja... Mesmo ela estando diante dos olhos... Não se consegue ver o óbvio: Alguém teve que comprá-la! E a discursão dos pormenores fica a cargo do discernimento de cada um. Para a Revista o que interessa é vender. E vocês ficam aqí, gastando o tempo para discutir a lógica. Relmente lamentável! A Revista Veja é para quem quer comprar.Porcaria ou não. Lixo jornalístico ou não, a realidade é uma só: Compra ou abre a Revista quem quer; ninguém é obrigado a fazer isto. Afinal, estamos numa democracia.
    ...Por enquanto! O PNDH já foi assinado pelo Lula.

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