segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ode to Madness



Nada que me parecesse estranho era, no final das contas, estranho. Era comum, banal, como uma bala no cano, como um tiro disparado, como uma cabeça estourada, como uma vida que se ia.  E vão, ainda que você não se dê conta, elas vão e não voltam. As vidas.
Subindo as escadas, as escadas que descem até o precipício da vida - a morte. É o caminho inevitável. Não sou pessimista nem realista, sou um rato que cruza o caminho e desvia das ratoeiras até que elas são muito reais, até que são mais reais que o desvio delas – aí é tudo tão irreal.
É tudo da minha cabeça, é claro. Mas não deixa, assim mesmo, de ser. Mas não é para os outros. E isso é difícil porque os outros são mais do que você; para os outros evidentemente, mas, eventualmente, também pra você. Somos muito mais os outros do que pensamos, somos muito menos nós mesmos do que queremos ou podemos admitir. Somos cópias mal feitas dos vermes que nos rodeiam; pegamos o que há de pior em cada desprezível espécime de idiota na face da terra e chamamos isso de eu. Grande merda, você é uma merda maior ainda por ser você, se esforce para evitar isso – ser você. Não queira isso e, sobretudo, não encare isso como uma coisa positiva.
E, talvez por isso, eu prefiro ser minhas idéias, meus pensamentos distorcidos, fujo do que parece correto, porque só parece correto porque não é. Então vivo no incomum, no que as pessoas pisam e que pisam exatamente porque tem muito valor, porque as coisas pisadas são dignas da indiferença de cada podre alma humana, não há nada mais a se almejar que não isso. Em minhas idéias, em exclusivo àquelas das quais você ri, e ri porque está viciado em sua própria idiotice a qual compartilha com todos que riem COM você de tudo aquilo que ri DE você. Tudo ri silenciosamente de você, de cada aspecto patético de ser você, de ser um ridículo macaco com o prolixo e, mais ainda, duvidoso dom da inteligência. Enfim, estas minhas idéias, exatamente estas que riem de você, em silêncio para que você não ouça o que lhe é demasiado para o que tem de tão pouco – aquele negócio que faz uns macacos serem chamados de humanos, você tem um nome para isso, inteligência. Eu também sou, lamentavelmente, vocês, mas sou cada vez menos o quanto mais me fixo nessas idéias que são estranhas a vocês. E hoje posso dizer que sou quase tão elas que acabo sendo tão estranho a vocês que acabam me vendo no espelho quando abrem os olhos... quem sou eu? Tempo, tic, tac, tic, tac...
Ora, sou vocês, o que todos vocês seriam caso não fossem tão covardes em admitir o quão estranhos são a si mesmos sendo assim, normais.

Porque às vezes um pouquinho de loucura é saudável à sanidade.